Ainda estou aqui já era vencedor, antes mesmo da cerimônia de entrega do Oscar 2025. Mas, ontem à noite, o brasileiro lavou a alma. Concorremos a três categorias, poderiam ter sido outras mais, emplacamos uma, a de Melhor Filme Internacional, mas a estatueta, a primeira de nossa história, chega em nossas mãos com sabor de fruta madura. E degustamos juntos. O país inteiro unido na mesma torcida. Na alegria desta conquista. E era carnaval. E o Brasil parou para ver a cerimônia norte-americana. Parou para dizer ao mundo “Nunca mais”. Parou para espantar para longe o complexo de vira-lata. E o mundo parou para nos aplaudir. Para endossar a importância da mensagem deste filme, especialmente no momento que vivemos um aumento do autoritarismo em todo mundo. Obrigado, Walter Salles. Obrigado, Fernanda Torres e toda equipe de Ainda estou aqui. Vocês são a nossa estatueta! Com vocês, este carnaval entra para a história, como o carnaval da memória. De dizer não ao esquecimento. Porque, não satisfeita com a morte, a ditadura militar roubou da família Rubens Paiva o direito de enterrar seu corpo, mas, a sua história eles não conseguiram enterrar. A vida presta. A arte ressignifica.
A história, baseada no livro de mesmo nome, de Marcelo Rubens Paiva, ressoa com uma mensagem poderosa contra a opressão e a ditadura, lembrando-nos do valor da liberdade e da democracia. Convidamos você a explorar a nossa seleção de frases do livro Ainda Estou Aqui e de outras obras de Marcelo Rubens Paiva, como Blecaute e seu romance de estreia, o autobiográfico Feliz Ano Velho. E também a conhecer outra faceta talentosa de nossa Fernanda Torres, a de escritora. Fizemos uma seleção de frases seu romance A glória e seu cortejo de horrores e também de seu livro de crônicas, Sete anos, que tem muito do senso crítico, do humor e da pertinência de Fernandinha, que há muito encanta o Brasil e, com a campanha memorável de Ainda estou aqui, conquistou também o mundo.
“Fazia sol, mas me lembro do cheiro de que ia chover.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 18
“A memória é uma mágica não desvendada. Um truque da vida.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 18
“Às vezes sorridente. Às vezes furiosa. Sempre surpreendente.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 19
“Não confiava cegamente, nunca confiou em ninguém cegamente. Era advogada.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 23
“Sabia que a demência era um caso não só para a medicina, mas também para o judiciário.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 23
“Olhou para nós como se estivesse sendo arrastada pela correnteza para o vazio do oceano, iria se afogar, afogar-se no esquecimento.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 25
“A memória não é a capacidade de organizar e classificar recordações em arquivos.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 26
“A acumulação do nosso passado sobre o passado prossegue até o nosso fim, memória sobre memória […]”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 26
“Se tudo é recriação de algo já inventado, nada é invenção.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 35
“Não faríamos o papelão de sairmos tristes nas fotos. Nosso inimigo não iria nos derrubar.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 39
“A família Rubens Paiva não é vítima da ditadura, o país que é.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 35
“Angústia, lágrimas, ódio, apenas entre quatro paredes.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 35
“Grandes gestos são humildemente casuais.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 42
“Quem tem Alzheimer em estado avançado está lá, mas não está, é a pessoa, mas não é.”
Marcelo Rubens Paiva
Ainda estou aqui, p 48
“Não sejamos tão egocêntricos a ponto de querer, quando estamos mal, que esteja todo mundo péssimo.”
Marcelo Rubens Paiva
Feliz Ano Velho, p 42
“A morte é para ser vivida, e minha família não queria que as crianças convivessem com ela.”
Marcelo Rubens Paiva
Feliz Ano Velho, p 21
“Nós, com quem o destino não foi muito generoso, temos uma certa cumplicidade com a vida, e procuramos juntos nos defender dela.”
Marcelo Rubens Paiva
Feliz ano velho, p 9
“As pessoas não entendem o que é a morte porque a morte não é para ser entendida, é para ser apenas a morte.”
Marcelo Rubens Paiva
Feliz Ano Velho, p 21
“Não fico mais aflito por saber que nada sei.”
Marcelo Rubens Paiva
Blecaute, p 11
“Estranho, um sujeito pregado numa madeira, com sangue escorrendo, um arame farpado na cabeça, exprimindo… paz. Estranho.”
Marcelo Rubens Paiva
Blecaute, p 23
“O espírito do índio se espalhou pelo Brasil. Ele é a raiz do caipira, do jagunço, do mineiro e dos heróis de Grande sertão. Somos todos índios.”
Fernanda Torres
Sete anos, p 16
“O prazer de sentir raiva.”
Fernanda Torres
A glória e seu cortejo de horrores, p 10
“Era eu contra mim.”
Fernanda Torres
A glória e seu cortejo de horrores, p 17
“O relax foi quase fatal.”
Fernanda Torres
Sete anos, p 21
“Naquele tempo, ainda havia esperança em mim. A ilusão da glória.”
Fernanda Torres
A glória e seu cortejo de horrores, p 10
“Heston se contorce quando ama e quando odeia, deslocando-se em câmera lenta, como se o ar fosse feito de gelatina.”
Fernanda Torres
Sete anos, p 28
“Não era a vaidade que o movia, mas um conhecimento profundo da pequenez humana.”
Fernanda Torres
A glória e seu cortejo de horrores, p 14
“A moçada arregimentada pela propaganda foi apresentada à tecnologia antes de saber de literatura, filosofia, arte e política.”
Fernanda Torres
Sete anos, p 27
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