FLITI é sinônimo de amor às palavras

A histórica cidade mineira de Tiradentes continua fazendo história. A 5ª edição da FLITI, Feira Literária Internacional de Tiradentes, encheu recentemente a cidade de prosas e versos que vão ficar na memória de quem teve a felicidade de estar por lá. A idealizadora da Feira, Cristina Figueiredo, fala do caráter inclusivo do evento, cujos ingressos são gratuitos para toda a programação; além da distribuição de vouchers para alunos e professores do município trocarem por livros; e também da presença de seu ônibus-biblioteca, no qual os moradores da cidade, crianças e adultos, podiam pegar exemplares emprestados. É em função de toda essa disponibilidade que Cristina declara orgulhosa: “Ninguém sai da FLITI com as mãos abanando, sem um livro. Quem não pode comprar, pega emprestado. Com foco prioritário nas crianças e jovens, o evento tem o propósito de incentivar a leitura, o amor às palavras, por meio do contato com autores e suas obras e também de várias atividades literárias, como a contação de histórias. Se levarmos em consideração os olhinhos brilhantes e a euforia dos estudantes que acompanharam boa parte da programação, a FLITI está no caminho certo. E, por falar em certo, certeira também foi a curadoria de Isa Pessoa, Roger Melo e Daniel Kondo na montagem impecável da programação das mesas que aconteceram no Centro Cultural Yves Alves. Como verdadeiros enxadristas, os três conseguiram montar “jogadas” perfeitas em cada mesa e manter o público, que lotou a maioria das sessões, vidrado e querendo mais. Enquanto a próxima edição não chega, que tal curtir a seleção que fizemos de frases, de vários autores que passaram por Tiradentes neste outono de 2025? Com vocês, uma pequena amostra do que tem da obra deles no Frases. 

 

“resisti à força do tempo e à morbidez do céu sem estrelas”

Socorro Nunes

O que ficou da fotografia, p 15

 

“Sociedade passiva é sociedade cúmplice.”

Cristina Serra 

Nós, sobreviventes do ódio, p 23

 

“um lápis com borracha na ponta me ensina a ser”

Bianca Ramoneda 

caderno de costuras, p 51 

 

“[…] não adianta muito fazer planos, ou guardar certezas, a vida muda tanto que o melhor que a gente faz às vezes é nada.”

Paula Gicovate

notas sobre a impermanência, p 104

 

“A roupa definia, então, os lugares sociais. A que era usada dentro de casa raramente saía à rua, e vice-versa.”

Mary Del Priore

Histórias da gente brasileira, Vol 1, Parte 2, p 11 

 

“Uma gigantesca jiboia circunda a cintura do mundo e se fecha, engolindo a si própria.”

Micheliny Verunschk

O som do rugido da onça, p 107 

 

“Porque no bar, santo padre, é mais fácil a gente encontrar o lado mais humano de nós mesmos e a face menos tenebrosa de deus.”

Airton Souza

outono de carne estranha, p 66

 

“Ria o rio, mas Busca-Pé bem sabia que todo rio nasce para morrer um dia.”

Paulo Lins 

Cidade de Deus, p 14

 

“Queremos os remendos dos panos, nas tramas dos anos sofridos, amados… E acima de tudo, apaixonadamente vividos.”

Eliana Alves Cruz 

Água de Barrela, p 15 

 

“A questão é que tal geração, essa geração, se multiplicou em muitas. Bob Dylan fugiu de casa depois de ler On the Road.”

Eduardo Bueno 

On the Road: pé na estrada, por Jack Kerouac, introdução à versão brasileira 

 

Assuma sua solidão, tire proveito dela, mostre ao mundo que você se basta, mesmo que não tenha certeza disso.

Martha Medeiros 

Topless, p 11 

 

“Praga de palavras: cada um inventa duas e todos acreditam.”

Milton Hatoum 

Dois irmãos, p 40 

 

“a destruição é rápida mas o inferno contínuo”

Luíza Romão 

Também guardamos pedras aqui, p 27 

 

“Nem tudo que é combinado é ético, e terceirizar os direitos ao próprio corpo deveria ser um exemplo disso.”

Geni Núñez 

Descolonizando afetos, p 30

 

“A manhã parece obrigar-se por escrito a dissipar os covardes”

Eucanaã Ferraz 

cinemateca, p 1 

 

“Arte é assim, caminho, ponte e a imponderável chegada.”

Zélia Duncan 

Benditas coisas que eu não sei, prefácio

 

“O português, então, não “vem do latim” diretamente. Vem do galego, que — este, sim — veio do latim. Mais um desvio de trajetória.”

Caetano Galindo 

Latim em pó, p 71 

 

“Flores velhas em caçambas de lixo adocicavam a dieta dos insetos.”

Fernando Bonassi

Degeneração, p 14 

 

“Só há um tempo: o agora. Tempo de chegar, tempo de ir embora. Quem vive seu tempo, faz história.”

Daniel Munduruku 

O homem que roubava horas, p 27 

 

“Sei que é óbvio | Mas já falei de amor | E você nem ouviu.”

Adriane Garcia 

Estive no fim do mundo e me lembrei de você, p 34

 

“Estou em silêncio como se a natureza maturasse em meu ser algum fruto”

Alexandra Maia 

Um objeto cortante, p 36

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